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Foto do escritorJandira Pillar

Ensinar a ler e a escrever: missão de vida.

Recentemente publiquei um texto em que contava um pouco da minha história como aluna, recordando um momento em que, ainda na primeira série, tinha sentido a vontade inexplicável de ensinar um coleguinha a ler e a escrever. Ainda pequena, senti-me incomodada com o fato de ele não conseguir acompanhar a turma e ainda ser penalizado por isso, ficando sem recreio e sem merenda.


Na mesma semana em que o texto foi publicado, chegou no meu facebook uma mensagem totalmente inesperada.


“Prof, tudo bem? Gostaria de lhe perguntar se você foi professora de ensino primário no Luiza de Freitas Valle Aranha, em Alegrete. Morei lá com minha família no início da década de 80.”


Depois de eu responder que sim, que iniciei meu trabalho como professora municipal na referida escola e que dei aula para a segunda e a terceira série, chegou outra mensagem.


“Ah, eu fiz ambas as séries com você. Ainda tenho uma bonequinha de pano azul que vc me deu de amigo secreto. Não creio que vá se lembrar..., mas alguns profes marcam a infância. E eu posso lhe dizer do fundo do meu ❤️ que você marcou a minha. Muito valeu minha busca pelo seu nome aqui. Um beijo bem grande de sua ex-aluninha hehehe.”


Obviamente, ao ler a mensagem, meu pensamento voltou aos anos de 1982 e 1983 e à escola municipal que ainda hoje tem parte do meu coração. Lembrei de um episódio interessante. Como eu havia dado aula para as crianças na segunda e na terceira série, no início do ano letivo seguinte, como era de praxe, estávamos nós, professores, aguardando a diretora fazer a chamada da turma que assumiríamos. À medida que as crianças iam sendo chamadas, elas faziam a fila bem na minha frente. Era a turma da menina que me enviou a mensagem. As crianças pensavam que, pelo terceiro ano consecutivo, seriam meus alunos. Bem, naquele ano, mudei de cidade e, já como professora pública estadual, fui dar aula para outras crianças, mas nunca esqueci a minha primeira turminha e, muitas vezes, pensei em como e onde aqueles meninos e meninas estariam.


Certamente, inúmeros professores marcaram a infância e a vida adulta de incontáveis alunos e, refletindo sobre isso, busquei uma outra mensagem, que recebi em 2021 de uma vestibulanda recém-aprovada, com uma nota muito boa na redação.


“Tu és muito especial pra gente, prof. Pra mim, particularmente, porque mudou o meu olhar para a redação... o que antes eu via como um desafio ‘chato’ agora vejo como um desafio maravilhoso, criei um apreço em escrever e ver que as coisas vão se conectando ao longo do texto. Fiquei muito feliz por ter ‘achado’ a senhora no caminho."


Todos esses felizes episódios, que ocorreram em épocas muito diferentes e que me constituem como professora de redação, conectam-se por algo fundamental a pessoas de todas as idades: o aprendizado da leitura e da escrita que, na minha opinião, ocorre verdadeiramente quando aquilo que é lido e escrito faz sentido para o sujeito.


E você, colega professor(a), que boas experiências tem tido com seus alunos e alunas? Que histórias você tem para contar?


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